Qual é o propósito do corpo?

Olá!

Ainda com o artigo anterior na cabeça sobre o mito do abdômen perfeito, cabe perguntar qual é o propósito do corpo?

Muitos de nós vivemos aprisionados em nossas mentes, absorvidos em nossos pensamentos, com pouca consciência corporal, com exceção para atender às necessidades fisiológicas. No mais, o corpo é um tipo de “meio de transporte”, carregando a mente ocupada e pensante de um lado para o outro.

Eu li um livro muito interessante sobre consciência chamado The User Illusion, Tor Nørretranders, no qual ele fala como os limites da mente restringe a realidade do “usuário” daquela mente.

Com a divisão virtual entre corpo e mente, o corpo acaba levando a pior. Ele é colocado em uma posição inferior. Frequentemente com o propósito de servir à mente, materializando o seu limite.

Pois é, meus queridos, o corpo serve a vários propósitos…muitos deles com o objetivo de perpetuar práticas opressivas, restritivas, abusivas e violentas que habitam a nossa sociedade, que vivem em nossas mentes e poluem os nossos pensamentos.

Submetemos o corpo, por exemplo, ao jogo social do “quem vale mais”?

Um jogo perverso, no mínimo. Abdômen trincado? Ganha 100 pontos.

E o papel do corpo nos jogos de poder?

Já perdi as contas das vezes em que ouvi de pacientes que sofrem de dispareunia (dor com penetração vaginal) dizerem que os parceiros elogiam o fato de serem “apertadas”. Sinalizando aqui perigosamente à cultura da violação do corpo feminino.

O prazer masculino se sobrepõe ao feminino. Práticas machistas que ignoram o que se sente no corpo feminino expõem a ignorância sexual da nossa sociedade, onde as pessoas envelhecem com uma sexualidade imatura e juvenil.

Forma, gênero, vocês conseguem pensar em outros “jogos mentais” que temos em nossa sociedade nos quais certos corpos “valem mais” que outros? A dor infringida em corpos por causa de sua cor, nacionalidade, orientação sexual, totalmente ignorada e até legalizada em certos momentos da nossa história por uma determinada RAZÃO, MENTALIDADE, NÍVEL DE CONSCIÊNCIA.

O corpo vivenciando os limites da mente, que ficam impressos e deixam marcas.

O corpo é grandioso, divino. Não temos a capacidade de alcançar com a nossa consciência toda nossa complexidade corporal. Pense no caminhar, você acha que é possível pensar em tudo o que acontece no corpo quando você se levanta do sofá e vai até a sua cozinha? Já imaginou se você tivesse que pensar em todos os passos dessa atividade do dia-a-dia?

Pois é, meus queridos leitores, embora tenhamos a capacidade limitada para pensar o corpo, temos outra capacidade infinita e mais saudável para vivenciá-lo: através do sentir.

Com todo o seu potencial para sentir, com todas as possibilidades, culturalmente somos estimulados a sentir nada.

Criamos categorias que se organizam hierarquicamente, de forma a perpetuar as relações de poder e de dominância justificadas nas diferenças entre os corpos.

Reduzimos, fragmentamos, oprimimos e violamos o corpo, deixando nele impresso a nossa ignorância.

E aí temos esta estrutura complexa e dinâmica com capacidades infinita para sentir, sendo impedida de viver, de respirar e de expressar a sua natureza.

No curso Flexibilizando a Couraça Muscular fazemos o resgate do sentir do corpo. Ah…o prazer de sentir a si mesmo. De perceber a si mesmo. De servir apenas a um propósito: o seu de ser inteiro, ser validado, visto, apreciado, amado. Servindo ao propósito de ser feliz.

Thais Bicalho