Será que quero ter um abdômen trincado?
Em um primeiro momento, você pode olhar para a minha pergunta, ainda meio incrédulo/ incrédula, e pensar: “ que tipo de pergunta é essa?”
“Quem não quer ter um abdômen trincado?
Ok, respira fundo, e vamos lá.
Abdômen definido tem sido um símbolo de perfeição pelo menos desde da Antiga Grécia. Hoje em dia existe toda uma indústria voltada para a obtenção e manutenção da famosa “barriga tanquinho”.
Não há dúvidas sobre o quão lucrativa é a indústria fitness!
Não sou de fã de alimentar inseguranças em relação ao corpo, ou de ditaduras que determinam como os corpos devem ser. Amo a diversidade de formas, tamanhos, cores.
Acho rico.
Acho humano.
Mas a minha oferta hoje é oferecer uma perspectiva somática ao assunto.
Tenho explorado no meu instagram @mayolibrasil a imagem do contêiner abdominal-pélvico. Neste modelo, a tampa do contêiner é o diafragma, as paredes/ os lados seriam em forma de cilindro, conectando abdômen e região lombar, e a base do contêiner seria o assoalho pélvico.
Dentro deste contêiner existe uma força que chamamos de pressão intra-abdominal.
Imaginou tudo isso ? Agora vamos adicionar movimento.
O diafragma é o principal músculo da respiração e se move para cima e baixo. Quando ele desce, as paredes abdominais se expandem para controlar a pressão intra-abdominal.
Agora o que acontece se as paredes deste contêiner forem rígidas e a parede cilíndrica não ceder?
Aí, meus queridos, criamos uma força para baixo, empurrando os órgãos pélvico para fora da base/ assoalho, facilitando os chamados prolapsos (já ouviu falar sobre “bexiga baixa”?)
Vou listar agora outras coisas que podem acontecer quando as paredes do contêiner endurecem:
abdômen trabalha em sinergia/ junto com o assoalho pélvico. Muita tensão no abdômen pode irradiar e gerar muita tensão no períneo, o que pode causar incontinência, dor ou impossibilidade de penetração vaginal (dispareunia e vaginismo), disfunção erétil e dor pélvica;
perda da coordenação com os músculos das costas, com os quais mantém uma relação de antagonismo, podendo levar a dor nas costas e compressão;
abdômen rígido inibe o diafragma, que por sua vez deixa de “massagear” os órgãos intestinais e de estimular peristalsis, levando à constipacão;
inibe a movimentação espontânea da pelvis, essencial para se atingir o orgasmo;
inibe a respiração diafragmática, levando a um padrão respiratório congruente com a ansiedade.
Ahhh Thais, o que é para fazer então? Deixar o abdômen ficar flácido e fraco?
Calma, nem 8 e nem 80.
Estamos falando aqui dos excessos, do culto à perfeição, da ditadura do corpo que idolatra um certo padrão de corpo e que distorce a autoimagem.
Do ponto de vista da saúde, ser capaz de se sentar na posição deitada de barriga para cima sem ajuda das mãos é considerado normal.
Faça o teste.
Tente na posição deitado/ deitada com a barriga para cima, levantar as duas pernas do chão, retas, e ao mesmo tempo, sem acentuar a curvatura lombar. Se conseguir fazer, a sua musculatura da região abdominal é considerada normal em termos de força.
Ou seja, precisamos de um abdômen forte que possa fazer o que se espera de um músculo saudável, tanto em termos de força quanto de alongamento.
E que esteja em harmonia com o resto do corpo ao invés de ser “a estrela da história toda”, ou que tenha um comportamento compulsivo que não atende às demandas do ambiente e da situação.
Venha participar da minha aula de Consciência pelo Movimento deste mês: O que a barriga tem a ver com a dor nas costas?
Na aula vamos organizar todo o contêiner pélvico-abdominal. Clique no botão abaixo para se inscrever.
Você pode também participar do Curso Flexibilizando a Couraça Muscular, no qual recuperamos a liberdade de movimento, coordenação e espontaneidade não apenas do contêiner abdominal-pélvico, mas de todo o corpo, trabalhando estrategicamente com segmentos relacionados a unidade corpo-mente.
Vamos soltar as amarras e abandonar crenças que limitam e distorcem a autoimagem? Clique no link
Existem formas saudáveis de vivenciar o corpo. Sem tirania, sem julgamento, sem vergonha.
Só temos que exercitar o olhar para reconhecê-las, diminuir o ruído para ouvi-las e abrir o peito para acolhê-las.
Vamos juntos?